quarta-feira, 20 de junho de 2012

Soneto 1







 

Vós que ouvistes em rimas esparsas o sonho,
Nos meus juvenis e suspirosos dias,
Com que eu nutria outrora o coração
Quando aquele que eu fui tinha alguma ilusão;
Se conheceis do amor a reflexão
Entre fugidias esperanças e o pranto em vão,
Piedade espero achar, mais que perdão,
Para as dores das minhas fantasias.
Agora vejo bem que longamente
Em mim falou-se, e ria muita gente,
E de mim mesmo, às vezes, me envergonho.
E amargo fruto que colhi sonhando,
Já sei – me arrependendo e envergonhando –
Que a sedução da vida é breve sonho.

Francesco Petrarca (O Cancioneiro)

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